segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Metáforas Agrícolas: As duas metades da laranja


Engraçado como todos os acontecimentos sócio-culturais de nossa vida influenciam em como vemos as coisas. Interessante que as mesmas coisas depois de certo tempo, de certas experiências passam a nos causar novas sensações, novas interpretações... Os mesmos filmes, quando vistos novamente, nos passam novas lições, novas concepções e novas idéias de como podemos mudar nossas vidas. Foi o que aconteceu comigo hoje. Gostaria de partilhar com vocês, admiráveis leitores, a minha fascinação diante de um filme de amor que assisti nesse domingo de tarde cinza, aqui embaixo de meus lençóis: Don Juan DeMarco. Em reflexão, me questionei sobre três coisas: 1°) o modo como vemos as coisas, 2°) o que para nós é normal e 3°) o quão difícil pode ser buscar o amor.

A respeito do primeiro questionamento, pensei em por que sempre vemos as experiências que não correspondem com o que esperávamos de forma tão negativa, porque ansiamos por um realismo tão forte a ponto de negativizar tudo que não ocorra de acordo com nossa vontade, esquecendo do emaranhando de fatos que puxam outros fatos e de como essas experiências podem se tornar coisas boas futuramente. Mesclando as perguntas devido a sua enorme proximidade, também comecei a pensar o porquê temos que nos limitar a essa via estritamente próxima do real que nos obriga a agir de acordo com as expectativas dos outros, dessa sociedade tão derrotista. Quando tentamos fugir disso, ter consciência da realidade porém de um ponto de vista diferente, de um novo ângulo, com novos valores e princípios somos tachados, excluídos, rejeitados, sofremos preconceitos e as vezes até enclausurados (como os ditos “loucos”, que as vezes de loucos não tem nada).

Impressionante como existe uma tentativa de uniformizar a sociedade para padrões que estejam sob controle e que possam ser previsíveis e “entendíveis” por todos, mesmo que tenhamos consciência do universo subjetivo diferencial que afeta a todos nós. Como podemos falar de um relacionamento AMORoso, em que ambas as partes tem suas visões do que é o amor, e antes de respeitar a visão do outro, tendemos a querer apenas que nossa visão seja satisfeita, que o que PARA NÓS é amor seja efetivado, demonstrado, explicitado... Esquecendo que aquilo que queremos pode não ser amor para nosso companheiro(a). Somos seres diferentes com um universo de concepções diferentes, inclusive da concepção essencial de nossa alma, o amor. Acho que antes que falemos sobre mentiras de nosso parceiro, que ele não nos amava, ou fulano não amava cicrano, comecemos a pensar se o amor é para todos o que é para nós. Será que temos o direito de exigir de alguém isso? Será que temos obrigação de rejeitar nossa visão e nos entregar à do outro? É complicado. Duas metades da laranja? Antes uma metade de laranja e outra de limão, talvez o amor consista no respeito às diferenças e no avanço das metáforas agrícolas ;).

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Fim...




Diante de determinada notícia essa semana, me peguei pensando o quão frágil é nossa vida, nossa humilde existência.
Temos mania de pensar que a morte espera, que nossos planos são coisas que estão lá e só dependem de nossos esforços pra se concretizarem... E na busca de tais planos deixamos coisas “simples” de lado, coisas corriqueiras, mas que se pudéssemos imaginar nossa partida para o dia seguinte, ganhariam enorme importância.
Deixamos intrigas e brigas, por menores que às vezes sejam, nos afastem das pessoas que amamos. Organizamos nosso tempo e deixamos de lado, pra depois, as coisas banais que tanto temos vontade de fazer, porque sempre achamos que vamos ter tempo para tal...
O quanto deixamos passar, dessas coisas simples e banais, porque acreditamos num futuro tão incerto quanto a nossa própria existência? Será que não podemos perceber a fragilidade da nossa vida e como este controle esta fora das nossas mãos?
Será que o que fizemos até hoje, foi o que realmente queríamos ter feito? Será que fazemos hoje da nossa vida o que queremos ter como passado? E se tudo acabasse agora? O que nós fizemos? Quem nós amamos? Quem nós deixamos de amar? Aonde esta nossa atenção? Será que vamos levar daqui algo pelo que tanto nos sacrificamos?
Acho que embora vá de encontro com nosso consciente, o que tanto chamamos de vida é apenas mais um lance de dados, apenas mais um pouco do tão complexo e infinito caos que apenas o Criador compreende. Mas, afinal de contas, temos controle de que? Acredito que de nossas ações, nossas decisões e parte das conseqüências que delas resultam.
Se até mesmo a vida, que consideramos nosso bem maior, está mergulhada nesse caos, que tentemos construir algo com as oportunidades que temos, que moldemos esse caos e possamos contribuir para algo, algo maior que nossas vidas, algo mais concreto que esse joguete que pode acabar a qualquer momento. Que possamos construir algo “imortal”, e que nossos ideais e feitos se perpetuem e contagiem mais vidas, mais almas... Que imortalizemos nesse mundo carnal algo que seja tão abstrato quanto o tempo, que perpasse ele... E que estejamos em paz quando chegar nossa hora de partir, de encontrar O Criador.