terça-feira, 8 de setembro de 2009

Entrelinhas...


 



Gostaria de compartilhar com vocês mais algumas divagações solitárias que me entram pelos ouvidos como as águas de março que invadem o verão de Tom Jobim. Confesso que não acho de bom tom generalizar, mas não pude deixar de notar as diferenças claramente observáveis em determinados aspectos entre homens e mulheres, como a escrita.



A sutileza das palavras, a tamanha delicadeza que chega a ser lida com um leve aroma de flores e uma inabalável carga emotiva que pode nos fazer rir e chorar, transcorrendo apenas algumas linhas de um curto texto... Sim, as mulheres são poetisas por essência.

Um tom mais rígido, exacerbado de razão e cheio de si, sentimentos que perpassam por nossa leitura assim como fortes ventos que saem direto de um coração afetuoso, embora maquiados pela acinzentada honra masculina... Os homens são sim, poetas por essência.

Cada qual à seu modo, mas ambos os gêneros possuem a capacidade de transpor em palavras o que sentem, seja de uma forma mais delicada ou de uma forma mais rígida, mas eles perpassam seus sentimentos sob a carga cultural e os super-egos sociais, por sinal de uma sociedade que nos limita a simples regras de gramática e de semântica para falar de sentimentos, uma sociedade que em sua maioria não sabe ver além das palavras, e acha que os poetas são poetas por que escrevem... Não, os poetas não são poetas por que escrevem, os poetas são poetas porque sentem! Mais que isso, são poetas porque conseguem fazer com que os dispostos a sentir as entrelinhas de seus símbolos gramático-semânticos possam compreender a amplitude de seus pensamentos e emoções... Emoções humanas e, por conseguinte partilhadas por muitos outros poetas e poetisas tão emudecidos.

Quem sabe os homens e as mulheres não escrevam de forma tão diferente, mas nós que ainda não aprendemos a olhar as entrelinhas de toda a carga de vida daquele (a) poeta/poetisa, daquele ser que se faz vivo e faz-se vida, seja vivendo, seja escrevendo, mas de toda a forma contribuindo para um mundo com menos palavras e mais sentimentos.

“F.”